Lunda-Norte : Especialista defende nova estratégia para promover o sector de Hotelaria e Turismo

Em declarações ao Jornal de Angola, Natália Papai Capaxi sublinhou que a hotelaria e turismo está entre os sectores que podem contribuir significativamente para o processo de diversificação da economia da Lunda-Norte, através do surgimento de novas infra-estruturas, incluindo a criação de empregos directos e indirectos.
De acordo com ela, para a existência do turismo, a hotelaria deve estar servida com infra-estruturas e serviços à altura, de maneira que os consumidores e investidores possam explorar as valências e contribuir para o sector tributário do país.
Apontou os altos preços praticados nos serviços de alojamento e alimentação como sendo um dos principais problemas no ramo da hotelaria na Lunda-Norte, onde por sua vez, os operadores reclamam da escassez da produção interna.
“Para que haja turismo, a hotelaria deve ser criada. Apesar da variável hoteleira estar dentro do turismo, a primeira antecede a outra. Com o passar dos anos, o número dos alojamentos na Lunda-Norte tem aumentado, mas ainda sem a qualidade desejada”, afirmou.
Defendeu que o futuro Governo a ser criado, depois das Eleições Gerais de 24 de Agosto, ganhas pelo partido MPLA, tem o desafio de apostar em outros sectores da economia, fora dos petróleos e diamantes, sendo que particularmente na Lunda-Norte, a captação do investimento privado para a dinamização da hotelaria e turismo deve ser levada em consideração.
Captar mais investimento
Licenciada em turismo, pela Universidade Católica Portuguesa, em Braga, Natália Papai Capaxi defendeu ser imperioso que no quadro da Lei do Investimento Privado, em coordenação com as estruturas centrais do Executivo ligadas à economia real, as autoridades locais devem desenvolver planos para despertar o interesse de empresários nacionais e estrangeiros para apostarem no sector.
Dados dos gabinetes provinciais dos Transportes, Tráfego e Mobilidade Urbana e da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos na Lunda-Norte, dão conta que antes da pandemia da Covid-19, o número de pessoas que o aeroporto Kamaquenzo, no Dundo, recebia anualmente, rondava entre 500 a 700, mas o perfil das categorias dos turistas que desembarcavam na província, no período em análise, estavam longe de pagar os serviços de hospedagem, referiu.
A também chefe de Departamento do Turismo do Gabinete Provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos explicou que a rede de infra-estruturas hoteleiras e similares na Lunda-Norte conta com mais de 420 unidades, asseguradas por cerca de 521 camas, além de oito serviços de restaurantes classificados, num total de 54 registados pelo governo local.
Os serviços de restauração empregam mais de 530 pessoas, ao passo que na hotelaria os dados apontam para a cima de 270 a força de trabalho composta maioritariamente por jovens, explicou Natália Papai Capaxi.
Considerou que os números podem servir de base para “esboço” de um eventual plano de desenvolvimento que visa impulsionar o sector da hotelaria e turismo na Lunda-Norte.
Potencialidades
Questionada sobre as potencialidades que devem ser exploradas, Natália Papai Capaxi indicou que o turismo é uma área economicamente forte, daí que existam países no mundo cujo Produto Interno Bruto conta com o contributo considerável deste importante sector.
Acrescentou que o turismo, é uma área que depende de outras para estar e servir melhor, sendo que o caminho está na criação das mínimas condições, como o saneamento, linhas de acesso e pacotes atractivos para cativar entidades ligadas ao sector com o interesse de desbravar todas as riquezas existentes na província.
Mencionou a Lagoa Nacarumbo (uma das sete Maravilhas de Angola), a Estação arqueológica do Bala-Bala, o local onde ocorreu a Batalha do Kelendende, a Praia do Cassossa e muitas outras, como sendo grandes espaços turísticos que carecem de visitas e planos de ordenamento para atraírem investidores.
Salientou que a importância de se apostar no sector na Lunda-Norte, tem a ver com o facto de ser uma excelente via para ajudar a economia local e o governo a superarem rapidamente as crises que assolam o mundo, geração de receitas para o Estado, criação rápida, segura e progressiva de emprego, incluindo a circulação interna da moeda, evitando fuga repentina para outras localidades.
Lagoa Nacarumbo aguarda por mais turistas
A Lagoa Nacarumbo, eleita em 2014, como uma das sete maravilhas do país, localizada entre os municípios do Lucapa e Cuilo, na Lunda-Norte, deve ter um plano de ordenamento, destinado à promoção e exploração das suas potencialidades turísticas.
A economista Leonor Mbala defendeu que o sector do Turismo deve estar entre as apostas do Executivo para os próximos cincos anos de governação, tendo sugerido o plano de ordenamento da Lagoa Nacarumbo, por ser um dos postais de visitas da Lunda-Norte.
O primeiro passo, disse, deve ser contratada uma empresa especializada, dotada de capacidade técnica, financeira e humana, através de um concurso público para trabalhar na elaboração de um plano de ordenamento da Lagoa Nacarumbo. A melhoria do acesso ao local é também outro desafio que a economista afecta à Universidade Lueji A ´nkonde considera importante o desenvolvimento do turismo na Lunda-Norte.
Para Leonor Mbala, devem ser programadas acções para que, do ponto de vista económico, a Lunda-Norte não esteja centrada unicamente no sector diamantífero, uma vez que o turismo e outros sectores se afiguram como áreas potencialmente fortes para combate à pobreza, por via da criação de oportunidades de emprego para a juventude. Apesar de a província estar localizada numa região potencialmente diamantífera, as autoridades locais têm de estar engajadas em programas ligados ao turismo, por exemplo, que é um sector estratégico, capaz de contribuir na aceleração da economia.
Leonor Mbala é de opinião que a aposta em outras actividades económicas, como agricultura, pecuária, pesca, indústria e turismo, pode ajudar no desenvolvimento da região, numa altura em que existem áreas férteis e com um grande potencial, que deve ser aproveitado.
A Lagoa Nacarumbo é considerada “um gigante adormecido” que, em função do seu valor em termos da biodiversidade, carece de exploração, para estar entre os melhores e conceituados lugares de atracção de turistas nacionais e estrangeiros.
O objectivo de se melhorar o acesso à Lagoa Nacarumbo poderá atrair potenciais investidores, interessados no seu valor turístico e económico, disse a economista, ressaltando que aquele espaço pode proporcionar muitos empregos aos residentes nas circunscrições do Cuílo, Lucapa e arredores.
O reconhecimento da dimensão turística da Lagoa deve partir do governo local, como proposta para o Ministério de tutela avançar para políticas estruturantes.
Defendeu que as bases que permitem atrair pessoas para a lagoa está lançada e tem a ver com a construção da Estrada Nacional 225, que estabelece a ligação entre o Chitato com cinco outros municípios da Lunda-Norte.
Com uma extensão de 200 mil hectares, a Lagoa Nacarumbo, que é a maior do interior do país, ainda virgem, dispõe também de 195 espécies de aves, das quais 13 consideradas raras.